terça-feira, 20 de maio de 2008

Me chamem de Luciano...

Registrei a data de meu nascimento com três garfos de quatro dentes atados em um cordão azul, enterrados ao pé de uma castanheira juntamente com a guimba dos 72 cigarros tragados na noite insone, que por fim transbordaram o cinzeiro de latão com a logomarca de posto de combustível.No crepúsculo do amanhecer, num sótão, jugulei ante uma pedra negra touros sagrados. Durante um ano da Lua, fui declarado invisível: gritava e não me respondiam, roubava o pão e não me decapitavam. Conheci o que ignoram os gregos: a incerteza. Ultimamente tenho andado como um personagem de final de conto de Tchekhov: introspectivo, amargo, pessimista...porém vivo. Uma das consequências deste atual estado de espírito é a predileção-dentre os de Nabokov-por "Gargalhada na Escuridão". A outra, é que sempre que me pego ficando amargo, mandíbula tensa; sempre que em minha alma se faz um novembro chuvoso e cinzento; sempre que me vejo detendo involuntariamente o passo diante de agências funerárias e seguindo a cauda de todo cortejo fúnebre que encontro; e especialmente sempre que minha hipocondria leva a melhor sobre mim de tal forma que só um forte princípio moral me impede de sair à rua e, deliberadamente e com método, aplicar murros na cara dos passantes – nesses momentos, sei que está na hora de me embriagar.

2 comentários:

Anônimo disse...

Oi!!! Muito legal, ta bem bonito teu blog...encontrei pelo link do teu orkut, te adicionei tá!? sou amiga do teu irmão, Renato.
Tu escreve muito bem, divertido...um estilo!!! Vou vir sempre...
Ah, outra coisa...além do mais tu és um gato.
beijusss...Camile.

El Torero disse...

Valeu Camile, que bom que gostaste...fique a vontade, opine, reclame, chingue...só não liga se travar o sitio...muitos acessos sabe como é!
abraço