sábado, 29 de novembro de 2008

Sobre a Tragédia.

Quando hoje falando com uma amiga sobre a situação calamitosa por qual estão passando os atingidos pelo temporal que atingiu nosso estado, e vendo seu empenho em arrecadar oque fosse possível para levar até a região e, se não aliviar a dor, pelo menos manter com o mínimo de dignidade possível a vida dos nossos irmãos, lembrei-me de uma frase que ouvi em um disco de um show do Noel Guarany.
La arena és um puñadito, pero hay montones de arena.
A frase é do mestre Atahualpa Yupanqui.
Pues bem.
Oque havia para comentar com nossos amigos, conhecidos ou com o companheiro de assento no ônibus sobre as chuvas, já foi comentado. Oque havia para chorar assistindo as cenas, sentados em nossos sofás, já foi chorado.
É hora de escolher as roupas para doar, colocar em sacolas comida e produtos de higiene, adiar a balada de sábado a noite e doar o dinheiro que gastaria com os três chopinhos em quaisquer uma das muitas contas existentes para este fim.

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

O Espírito do Sol

E hoje ela [a saudade] veio na forma de um livrinho amarelado pelo tempo, rabiscado aqui e ali com enternecedoras e simples palavras que ao não dizer nada se mostram de muita importância.
Ao final de algumas páginas lia-se, a lápis, oje ou aqui. Oque isto queria dizer!? Que o livro havia sido lido até aquele ponto. Eu achei bonito, até porque conheço a letra.
E note-se o hoje sem H, comum em quem ao não tem a intimidade com as letras, e o engraçado que é, por impensável, escrever até onde o livro foi lido.
O Espírito do Sol foi escrito por Ofélia Fontes, ilustrações de Narbal Fontes e por volta de 1946 já haviam 4 edições dele.Mas oque há de tão especial em um livro infanto-juvenil, com uma história datada, em que o menino, escoteiro, bondoso, esperto e obediente sai em busca do pai que está nos confins do Araguaia metido no garimpo?
Para mim, muito.
Meu vô, Pedro, certa vez me contou, provavelmente ao me ver com o nariz no meio de um livro, que certa vez ele leu um, TODO. E o modo como ele falou aquilo, me marcou. Aquele TODO dele encerrava uma conquista. E serviu para que ao longo das relações que tracei com outros vida fora, desse, eu, valor, e compreendesse que o pouco para muitos é tudo oque existe.
Deste, provável, único livro que meu vô leu, e que está aqui ao meu lado, com a marca do tempo, foi tirado o nome de meu tio Boanerges, o mais velho dos cinco irmãos de minha mãe.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

1,2,3 e 4

1
A chuva cai lá fora,
você vai se molhar,
vai se molhar
já lhe pedi...

2
não pode tanta distância
deixar entre nós
este sol
que se põe
entre um onda
e outra onda
no oceano dos lençóis

3
a noite
me pinga uma estrela no olho
e passa.

4
você está tão longe
que as vezes penso
que nem existo
nem me fale de amor
que amor é isso.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

O rato.

Ai de mim! - disse o rato - o mundo vai ficando dia a dia mais estreito.

- Outrora, tão grande era que ganhei medo e corri, corri até que finalmente fiquei contente por ver aparecerem muros de ambos os lados do horizonte, mas estes altos muros correm tão rapidamente um ao encontro do outro que eis-me já no fim do percurso, vendo ao fundo a ratoeira em que irei cair".

- Mas o que tens a fazer é mudar de direcção - disse o gato, devorando-o.: