quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Dom Quixote, lírios e loucos.

Bueno! Terminei de reler o Dom Quixote. Novamente me encantei com aquele doido, maluco beleza.
Os loucos são uma espécie de inocência e alegria-tudo junto e misturado-encarnadas em um lírio. Há coisa mais efêmera que lírio? Sim claro que há. Mas lírio é muito frágil, agora está! e mais um pouco que é dê? Meus manos colhiam uns lírios que cresciam em volta de casa, teimosos lírios, contrariando quaisquer expectativas já que seus pés eram ceifados e ceifados pelo cortador de grama. Mas todo ano lá estavam, meus manos os colhiam e levavam à minha mãe e faziam bem, pois que logo já estariam murchos.
Lírio é a flor dos loucos. Pronto, está dito. Rosa não. Rosa é perene e a razão também o é. Por isto são, ambas, monótonas.
Nada me parece mais passageiro que um louco. Não há aquela certeza de que amanhã tu vais te encontrar com o louco municipal, que todo dia, há 15 anos, vê toda manhã. O jornaleiro, padeiro e farmacêutico estarão com certeza. O giro? Sabe-se lá. Os louquinhos tem sempre algo em sua constituição que é de uma fragilidade de bibelô. Podem pesar 150 quilos e ter um e noventa de altura. Agora, olhem seus pés. Calçam 36.

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Uma música

Hoje, vindo para a farmácia e ouvindo minhas músicas, uma, mais uma vez, me trouxe pai, mano e avôs na lembrança.



A semente dos meus dias
atirei por esse chão.
Me cumpri como vivente
e não vi a plantação.
Com o remendo da esperança
remendei a minha vida.
Mas um dia a vida cansa
de ser rasgada e cerzida.
Ganhou um véu de sementes
minha mulher no labor.
Amando me plantei nela
nasceu um novo semeador.
Abrindo sulcos na terra
sementes lancei a esmo:
esta terra está pedindo
que agora eu plante a mim mesmo.