quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Crônica

Sia Rosaura tirava a dentadura para comer
Por isso ela tinha o sorriso postiço mais sincero da minha rua
Dona Maruca fazia uns biscoitinhos minúsculos, estalantes e secos, chamados mentirinhas
Eduviges era pálida e lia romances lacrimosos de Perez Escrich
Tanto suspirou em cima deles que acabou fugindo com um caixeiro viajante
O tempo se desenrolava como um rio por entre as casas de porta e janela
Pequenas vidas
Pequenos sonhos
Na noite imensa as estrelas eram como girândolas brancas que houvessem parado
Sentados à porta
- dois santos, dois mágicos, dois sábios –
meu velho Tio Libório e o velho farmacêutico
propunham-se e compunham charadas
que depois orgulhosamente remetiam sob nomes supostos
para o grande anuário estatístico recreativo e literário da capital do Estado
Mario Quintana