quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Adelfa.














"Me miré en tus ojos
pensando en tu alma.
Adelfa blanca.
Me miré en tus ojos
pensando en tu boca.
Adelfa roja.
Me miré en tus ojos.
¡Pero estabas muerta!
Adelfa negra."
F. G. Lorca

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Tempo de pitangas.

"Tudo que é texto, conto, crônica, romance tem que ter despedida ou ao menos a saudade como personagem. Seja o principal, como um Fagundes dos sentimentos, ou mero coadjuvante nas entrelinhas de uma história."
Luciano Borba Steckert.


Esta primavera chuvosa e cinzenta me trás à memória o gosto de pitangas. Mas não eram quaisquer pitangas, logo nem todas são capazes de me aplacar o desejo. Até porque não há, realmente, tal desejo. É mais nostalgia, que o mal tempo alarga, de uma época que- clichê dos clichês-não volta mais.
As pitangas eram colhidas de um pequeno caponete, que já não existe, eram míudas porém roxas, de um que tinge os beiços e dedos e roupas e onde mais encostasse. Em época de chuva elas ficavam mais sumarentas e as folhas mais cheirosas, quebravamos-nas entre os dedos e as trituravam bem próximo ao nariz inalando o olor com ânsia, e com o excesso de ar aspirado vinha uma tonturinha boa.
As árvores eram baixas e retorcidas e nos prestavam para cortar forquilhas para os estilingues-minhas fundas com tão poucas marcas serviam apenas para pedradas em latas e palanques, raramente ia à caça. Havia ali bem próximo os pés de cacto, grandes e espinhudos, com suas flores de um vermelho de ferida e que se chegasse muy perto, tal qual pequenas frechas, seus espinhos seriam lançados.
Se a Urda tem seu tempo das tagerinas, o meu é feito de pitangas.