quinta-feira, 22 de abril de 2010

Cerração

Eis que eis do céu de novo ficar cinza, da chuva outra vez não cessar, do vento dar um jeito de se enfiar casa adentro sabe-se lá por que frestas e do peito apertar sob o peso de cem toneladas de desilusão.
Com o sol a pino fica mais fácil desviar os olhos da navalha de barbear, a mesma que atormentou Harry Heller, com a diferença de que a sua sombra me surge duas décadas antes do que a idade do Lobo.
Como Cortázar, os anos de minha infância passaram envoltos em bruma, daí talvez me venha esta umidade impregnante de banco de jardim, e desde muito cedo não retive atenção ou afeto sobre ninguém, nada era pessoal, ou personalizado. Entendia que a vida seguia o trilho, indiferente, imútavel, e que a nós, insetos deste circo de pulgas, exilados em savanas, pampas e tundras, cabia enfrentar o mais terrível deserto, que é oque existe dentro de nós mesmos.

5 comentários:

Anônimo disse...

é muito bom ler o que você escreve torero...a vontade é de continuar.

El Torero disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
El Torero disse...

Gracias, tu és uma pessoa muito caridosa e tenha certeza que isto contará positivamente no juízo final.

Anônimo disse...

É uma pena que você não saiba receber elogios. Seu comentário, misto de humildade com ironia, tem o poder de afastar um leitor...nisso você também é bom, viu.

El Torero disse...

Não entendo porquê uma ironia direcionada a meus textos, e não a ti, te incomodaram.
Desculpe-me mesmo! Fiquei contente com seu elogio sim, mas é um hábito, mal diga-se, eu não aceitar muito bem elogios, e nem críticas. Ninguém é muito bonito quando visto de perto e eu não sou excessão.
Espero que tuas próximas visitas sejam prazerosas e não mais decepcionantes.
Até. :-))