terça-feira, 1 de setembro de 2009

Tropa Amarga

A tropa se perde espargindo searas de angústia revolta
Palpita no seio da massa faminta este grito de horror
O rancho sucumbe na leva que passa socando misérias
E a muito secaram nas bocas exangues palavras de amor
Emigram dos campos as mãos calejadas do pobre rural
Na van esperança de abrirem caminhos além horizonte
Mas logo as estradas crivadas de cruzes demarcam fracassos
E a tropa se arrasta de sede de fome bem perto da fonte
No exôdo triste os olhares são preces num cantico barbáro
Perduram só lendas oriundas de glórias de há muito sepultas
Olhai esta tropa senhores da terra de nomes ilustres
E vejam o abismo cavado na senda por forças ocultas,
Penetrem no rancho senhores da terra de nomes ilustres
E vejam o pampa aquecendo tristezas num fogo de chão
E ouçam o ronco da cuia de mate gritando revolta
Da terra que amamos, do amor que é fartura do trigo que é pão
Encilhem seus pingos enquanto esta tropa cansada descansa
E sangrem depressa o boi Desengano que é muy caborteiro
Pois tropa de fome não teme aramado nem tem consciência,
e o boi Esperança rondando a tapera morreu no potreiro.
Dêem redeas ao progresso porque a tradição não tem medo do tempo
Se a honra perdura o Rio Grande está salvo sairá do abandono
E o grito do índio, ecoando no pago dirá novamente:
Esta terra tem dono, esta terra tem dono, esta terra tem dono.

Luiz Menezes.

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