O moço bonito passava fardado pela frente da casa da Nilza ainda
menina, ela batia continência em brincadeira para ele. Do exécito trouxe
uma Terceira carimbada de detenções e umas quantas medalhas de tiro e
sinuca. Foi arrozeiro como dois de seus filhos ainda são. Me contava
umas histórias longuíssimas, recheada de pausas, almoçava elogiando a
comida '...arroz é bom, beterraba é bom! Vagem é bom! Carne boa!' E
quando dava aquela tacada largava um 'Conhecesse papudo!' que se eu
ficar quietinho apurando os ouvidos ainda consigo escutar.
Vô Ernandi.
Se gabava de ser 'dançador'. Na volta da Peroba era dos mais bonitos.
Tinha o pé chato. Bagunceiro e gozador era o cabeça de uma turma
arruaceira. Gostava de traíra frita e de cação ensopado. O cabelo era
bem branquinho, me explicava como se fazia açucar e melado, e do melado a
melhor cachaça. Era um bom assoviador, me chamava de Lucio, cantava
'Sabiá graúna aonde fizesse teu ninho/ na laranjeira mais alta bem
pertinho do caminho...' e meu peito ainda aperta de saudade.
Eia, Seu Pedro.
'Me galopan en la sangre
dos abuelos, si señor.
Uno lleno de silencios
y el otro, medio cantor.'
Eia, Seu Pedro.
'Me galopan en la sangre
dos abuelos, si señor.
Uno lleno de silencios
y el otro, medio cantor.'